Quem reconhece o brinquedo da foto? Essa é a fábrica feliz da super massa! Quem já brincou e dominou a arte de fazer “minhoquinhas” de super massa com diversos formatos terá mais facilidade em entender o assunto do post de hoje. Para quem nunca brincou com isso e nem sabe o que é, vou explicar como funciona (e você pode também ver o vídeo de uma menina brincando com ele no youtube): você primeiro pega uma boa quantidade de super massa e coloca no tubo interno da fábrica, depois escolhe qual formato você vai querer que tenha a sua minhoca e coloca na boca do tubo a forminha correspondente (régua azul na foto); aí você fecha a tampa (parte vermelha) e aperta para que saia a sua minhoquinha no formato escolhido. Parece fácil, não? Mas não é tão fácil assim: se a massa colocada no tubo não estiver muito compacta, sem bolhas e sem ar, ao gerar a minhoquinha ela ficará com falhas; se você não colocar a fôrma corretamente sai super massa por todos os lados, o que, além de sujar tudo, costuma grudar na minhoquinha, destruindo-a, e, por fim, se você não mantiver uma velocidade correta e constante ao apertar a tampa, a minhoquinha vai sair toda quebradiça dos lados ou com formatos muito irregulares.
Agora que vocês entenderam como funciona esse peculiar brinquedo, vou usá-lo como uma ótima comparação com o canto: pense que o tubo da fábrica é a sua posição. No caso do brinquedo, o tubo já veio pronto e não tem como estar errado mas, no caso do canto, sim, portanto todas as estruturas que fazem parte da posição devem estar colocadas corretamente para que o tubo esteja correto. Caso alguma esteja errada também teremos alterações na qualidade da minhoquinha de super massa. O ar é a super massa e deve percorrer esse tubo de forma contínua sem nenhum momento de falha, ou seja, sem ar. Apertar a tampa da fábrica de forma contínua e com velocidade calculada é o seu controle desse ar. A minhoquinha é o seu som. Tudo isso funcionando corretamente fará com que, independente da forma que sua minhoquinha tenha, ela tenha a mesma qualidade na massa (sonora). A única coisa que será diferente será a fôrma que você escolheu para colocar na frente da saída do tubo, essa régua azul na foto que, na comparação, serão seus lábios. Os lábios no canto possuem a função de articularem os fonemas, para cada vogal teremos então uma forminha labial que dará a cor necessária para esta vogal. Como já falamos diversas vezes sobre a posição, ela deve ser o menos móvel possível, o que dificulta muito a articulação correta das vogais e é aí que entram as fôrmas feitas com os lábios, para compensar essa imobilidade interna.
Compreensão mental
“Canto a fior di labbra¹”, essa máxima das escolas de canto italianas fala exatamente sobre essa articulação feita pelos lábios, deixando claro onde no canto exatamente ocorre essa diferenciação de fonemas.
Diferente da voz falada, onde alteramos diversas estruturas (palato, língua, laringe, etc) para articularmos as palavras, no canto essa articulação fica por conta dos lábios pois procuramos manter o mais estável e imóvel possível as estruturas internas (posição), o que mais uma vez derruba por terra a famosa frase “si canta come si parla”, ao contrário, articulamos muito diferente ao cantar do que ao falar (principalmente se comparado com o português brasileiro).
Compreensão física
Os músculos dos lábios devem estar bem ativos (tonificados, durinhos) levemente aderidos nos dentes superiores (leia mais sobre isso aqui), projetados para fora (tipo um biquinho) e assumir formas diversas para cada uma das vogais. Essas fôrmas devem permanecer mesmo quando é necessário abrir mais a boca.
Mais uma vez é necessário um estudo individualizado do aparelho fonador de cada um para encontrar essas fôrmas corretamente, já que cada um possui um tipo de lábio, maxilar e etc. Esse estudo é uma busca (demorada, tenha paciência!) que deve ser feita pelo estudante orientado por um bom professor e pode partir das seguintes direções para as 7 vogais principais:
Compreensão emocional
Depois de achar individualmente a sua fôrma correta para cada vogal deve-se treinar para que isso fique automático (um ótimo exercício para esse treino é juntar o treino das fôrmas com o ataque das pregas vocais). No início vai parecer que você está fazendo um grande número de caretas ao usá-las mas depois, com o treino, elas se suavizarão e parecerão naturais no rosto, assim como acontece com a ativação dos zigomáticos.
Com a automação não será necessário mais pensar nas fôrmas, só será necessário voltar a elas quando seu ouvido externo (professor, coach, etc) apontar que não está compreendendo o texto cantado. Neste caso, volte para a fôrma mais exagerada apenas naquele momento específico, para obter uma clara articulação.
Nunca imite um movimento de outro cantor, cada instrumento é diferente
e pode ter diversas alterações devido a conformações musculares próprias.
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