Para tornar mais fácil a compreensão de toda a complexidade do estudo do canto, eu o divido em partes. Esta divisão ajuda muito no processo pedagógico, dando, principalmente, mais clareza ao estudante sobre em que ponto ele está o que está tentando dominar no momento (leia mias sobre isso aqui).
Para explicar essas partes, vou fazer uma analogia com o trem da imagem acima. Imagine que cantar com qualidade é o destino desse trem. Para que ele possa chegar lá, o que será necessário? O trem em si, o combustível do trem, o trilho e que nada interrompa o seu caminho.
O trem em si
O trem é o objeto em si que deve atingir o destino, então, na minha analogia ele é a anatomia pessoal de cada um. Sua conformação física pessoal, que provém à voz suas características timbrísticas únicas, sua cor, seu peso, sua capacidade de volume, etc.
Além dessa parte com a qual nascemos, é possível e necessário fazer melhorias no seu trem, trabalhando e desenvolvendo ressoadores (leia mais sobre isso aqui) e aumentando capacidades.
O combustível do trem
O que move esse trem é o ar. E, exatamente como no trem, se você não souber como usar esse combustível, dominá-lo, fazê-lo render, seu trem não sairá do lugar e/ou não será capaz de chegar ao seu destino.
Tudo, então, que envolve o ar e seu domínio faz parte do controle da respiração. Como já comentei anteriormente, essa é a parte da técnica do canto pela qual eu acho que deve começar o estudo. Mesmo que o seu trem ainda não esteja com o melhor acabamento, ele já existe por natureza mas, sem que seja capaz de se mover, será impossível descobrir se o trilho e o caminho estavam corretos e livres.
Leia mais sobre as técnicas standards de respiração aqui.
O trilho
Além de bem construído e sem interrupções, um trilho deve seguir um caminho específico para atingir um determinado destino, caso não esteja muito bem traçado o caminho pelo qual o trem deve seguir, ele pode acabar atingindo outros destinos. Na técnica do canto, é a posição que faz exatamente a função dos trilhos. O termo é posição exatamente porque consiste em literalmente posicionar determinadas estruturas do aparelho fonador, mais especificamente nas vias aéreas superiores, de uma forma na qual elas funcionem como trilhos perfeitos para a passagem do trem-voz movido pelo ar.
As principais estruturas que devem ser posicionadas são:
Que nada interrompa o seu caminho
Na nossa analogia fica bem claro, que se algo interromper o caminho do trem, ele não será capaz de chegar ao seu destino. Se ocorrer um deslizamento de terra, se um carro resolver parar em cima dos trilhos, se resolverem protestar queimando pneus na frente do trem…. o trem não chegará ao seu destino.
No caso do canto, o que corresponde a isso são as tensões inoportunas. O aparecimento delas é totalmente natural, mas deve ser combatido. Então, eu chamo essa parte do estudo da técnica de combate às tensões desnecessárias. Como o nome já deixa claro, algumas tensões são necessárias e é importante saber diferenciar umas das outras. Uma tensão necessária é aquela que aparece no músculo que deve ser usado. Ao levantar seus zigomáticos, por exemplo, eles ficarão tensos. Porém, caso ao levantá-los, seu masseter (músculo da lateral do rosto) também se tensione, essa tensão será uma das desnecessárias e deverá ser combatida. Exercícios isoladores de musculaturas são excelentes armas nesse combate (leia mais sobre exercício de isolamento para o tronco aqui e para o rosto aqui).
Resumindo
Agora que a analogia foi toda explicada, vou resumir as 4 partes em que divido o estudo da técnica vocal:
- Desenvolvimento da anatomia pessoal;
- Controle respiratório;
- Posição;
- Combate às tensões desnecessárias.
Além desses pontos, obviamente, existem ainda o estudo interpretativo e musical, que envolvem suas próprias técnicas e partes.
Para ter aulas de canto com Tati Helene entre em contato aqui.
Parabéns Tati. Adorei a Analogia, e realmente saber sobre a posição ideal de cada estrutura acima é IMPRESCINDÍVEL.
Obrigada pelo Material!
De nada, querida! Beijocas