Neste momento de pandemia em que vivemos tenho visto muitas pessoas sem saber o importante papel do Fisioterapeuta no combate à Covid-19. Isso me motivou em escrever o post de hoje, para que vocês possam conhecer um pouco desta área da Fisioterapia e sua importância frente a pandemia.

Breve história da Fisioterapia

A Fisioterapia é uma ciência tão antiga quanto o homem, que envolve desde as primeiras tentativas dos ancestrais de diminuir uma dor esfregando o local dolorido até os dias de hoje com a evolução e sofisticação dos recursos terapêuticos. Como profissão, porém, ela nasceu apenas em meados do século XX, quando as duas guerras mundiais causaram um grande número de lesões e ferimentos graves que necessitavam de uma abordagem de reabilitação para reinserir as pessoas afetadas de forma ativa na sociedade.

No Brasil inicialmente a formação em fisioterapia era um curso técnico, apenas em 1969 a profissão adquiriu seus direitos, sendo regulamentada e reconhecida como curso de nível superior.

Por ser, então, uma profissão relativamente nova, é comum muita desinformação a seu respeito. A ideia de que fisioterapia trata apenas de reabilitação musculoesquelética ou de que é necessário encaminhamento por um médico para o tratamento são algumas das informações incorretas frequentemente repetidas a respeito da atividade destes profissionais da saúde .

A Fisioterapia é ainda uma ciência em construção e franca evolução, e se divide em diversas especialidades, algumas já regulamentadas e reconhecidas pelo COFITTO (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional) e outras ainda em fase de reconhecimento, tenho certeza de que muitos se surpreenderão ao saber de tudo o que esta profissão abrange. Uma das primeiras especialidades a ser reconhecida foi a Fisioterapia Cardiorespiratória, que engloba a Fisioterapia Cardiovascular e a Fisioterapia Respiratória.

A Fisioterapia Respiratória

A Fisioterapia Respiratória busca manter ou melhorar a capacidade respiratória do indivíduo, removendo secreções do trato respiratório como um todo e buscando uma função respiratória mais adequada às condições fisiológicas do paciente.

Apenas por essa definição já podemos imaginar o quanto a Fisioterapia Respiratória é maravilhosa tanto para quem esteja com, tenha ou tenha tido alguma doença respiratória, como para quem necessita de maior capacidade respiratória para a sua performance.

A Covid-19

Por ser uma doença muito recente, novidades sobre a Covid-19 são divulgadas a todo momento, vindas de diversos pesquisadores do mundo inteiro. Já é consenso, no entanto que, mesmo sendo uma doença sistêmica (que atinge diversos sistemas do nosso corpo), suas principais manifestações são no sistema respiratório.

A Fisioterapia Respiratória, então, se torna essencial para o combate a esta doença, tanto em casos graves que necessitam de internação e/ou intubação quanto no fortalecimento do sistema, deixando-o mais preparado caso tenha que combater uma infecção.

Em caso de internação

Fisioterapeutas são membros obrigatórios das equipes multidisciplinares que tratam de pacientes internados em hospitais, e são essenciais no caso de doenças respiratórias, especialmente a Covid-19. As principais atuações do fisioterapeuta em pacientes com quadros respiratórios são:

  • Higiene brônquica, ato de retirar ou promover a retirada das secreções nos pulmões e vias respiratórias ,seja pelo uso de técnicas manuais, seja pela aspiração direta, tanto em pacientes intubados quanto em não intubados;
  • Manutenção da capacidade de auto-ventilação (respirar por conta própria e de forma eficiente), seja por exercícios que mantenham o fortalecimento e função dos músculos respiratórios, seja pela correta programação dos parâmetros no ventilador mecânico;

Além da preocupação da manutenção das funções motoras em gerais do paciente acamado.

Para Reabilitação pós cura da doença

Depois da recuperação da Covid-19, muitos pacientes relatam que sentiram perda em suas capacidade respiratória. Por ser uma doença nova, esses dados exatos ainda estão sendo pesquisados, mas, a partir dos efeitos fisiológicos que a doença causa, podemos comparar com outras doenças que causam os mesmos sintomas e assumir que quanto mais grave for a manifestação desta doença mais será necessário uma reabilitação respiratória nesses pacientes.

Em caso de internação, a reabilitação já começa no próprio ambiente hospitalar ao preparem o paciente para a alta, mas deve continuar depois, com acompanhamento fisioterapêutico em casa ou em uma clínica. Muitas pessoas não sabem da importância desse tratamento pós doença e ficam esperando que as incapacidades ou as diminuições de funções passem sozinhas com o tempo. O ideal é que após a recuperação da Covid-19, o paciente procure o mais rápido possível um fisioterapeuta para ser avaliado e já começar com um programa de reabilitação. O mesmo cabe para quem sentir qualquer alteração em relação à voz, é importante procurar um otorrinolaringologista que fará o encaminhamento, se necessário, para uma reabilitação com fonoaudiólogo.

Para preparar

Certamente ninguém deseja pegar esta doença, mas, devido ao seu alto grau de contágio e muitas vezes à impossibilidade de nos mantermos em isolamento, sabemos que estamos sujeitos ao risco de contaminação por este vírus inúmeras vezes no nosso dia. É aí que entra o trabalho de fortalecimento dos músculos respiratórios que um fisioterapeuta pode trabalhar com você. Quanto mais preparado estiver todo o seu sistema respiratório, maiores chances terá de combater com sucesso as manifestações dessa doença e também menor será a probabilidade de perdas de função após a sua recuperação.

Na Fisioterapia em Performance

Eu não trabalho especificamente com Fisioterapia Respiratória, porém, como todo fisioterapeuta, fiz estágio nesta área tanto em hospitais como em clínica e antes de mais nada gostaria de homenagear a todos os meus colegas que estão na linha de frente do combate a esta pandemia👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻. Na Fisioterapia em Performance eu utilizo algumas das técnicas da Fisioterapia Respiratória adequadas para os artistas performáticos, tanto com o objetivo de otimização da performance tanto para casos de reabilitação quando estes artistas acabam passando por alguma doença respiratória, ou que necessite de internação e/ou intubação e ventilação mecânica.

CREFITO 3
Rodrigues-Machado, Maria da Glória – Bases da fisioterapia respiratória : terapia intensiva e reabilitação. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.

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