Hoje, finalmente, vou falar sobre a última estrutura da posição, a laringe. Para acompanhar bem o post que se segue, leia antes: dividindo a técnica em partes e quatro contra 1 – 1ª fase da posição.

Como já expliquei anteriormente, a posição é a parte da técnica que funciona como um trilho por onde a voz (trem) vai correr. Conforme estruturas do trato vocal específicas são posicionadas de certa maneira, há uma mudança na qualidade vocal, principalmente com relação ao equilíbrio de harmônicos e formantes.

“Infine nel suo complesso la laringe è collegata per mezzo di una membrana all’osso ioide, il quale a sua volta è unito alla faccia interna della mandibola, alla base del cranio e alla radice della lingua. È un organo mobile (può salire e scendere) e partecipa passivamente a tutti i movimenti della testa e della colonna cervicale. Nella voce cantata la posizione corretta della laringe è quella bassa.” ¹

Compreensão Física

O que é a laringe?

A laringe é o órgão que se situa no meio e na parte da frente do pescoço, se estende da faringe à traqueia, e é composta por cartilagens revestidas por uma membrana mucosa. Dentro dela encontramos as pregas vocais (já falei sobre elas no post sobre o ataque das pregas vocais).  A principal função da laringe é proteger os pulmões, para que não entrem nele substâncias e partículas de alimentos que, se os alcançarem, provocarão infecções e inflamações. Mas a laringe também tem como funções impedir a passagem do ar durante a deglutição e, claro, a produção sonora.

A posição correta

A laringe, para executar as funções acima descritas, possui a capacidade de se mover verticalmente e de se contrair e relaxar.  No canto lírico usamos a laringe na posição baixa e relaxada, em conjunto com o posicionamento correto das outras quatro estruturas que completam a posição.

Para mantê-la nessa posição é necessário mantê-la relaxada, ou seja, não permitir que ela se contraia e posicioná-la verticalmente para baixo sem que esse posicionamento seja forçado, pois de forma forçada o relaxamento não será mantido.

Uma boa forma de observar essa movimentação vertical da laringe associada ao seu relaxamento é apoiar (sem apertar) dois dedos na proeminência do ângulo da cartilagem tireóidea (o pomo de Adão nos homens – nas mulheres, descendo gentilmente com os dedos, sentiremos uma região mais proeminente, é ali) e bocejar, sentiremos então o movimento de decida da laringe.

Compreensão Mental

“Uma elevação da laringe deve resultar não apenas em um encurtamento da faringe, como também em um estreitamento de sua parte mais inferior. Além disso, quando a laringe se eleva, seus tecidos são empurrados para cima de forma a ocuparem a parte inferior da faringe; inversamente, quando a laringe se abaixa, as paredes faríngeas se alongam e a faringe se amplia. Se observarmos com um fibroscópio a produção fonatória em diferentes posições da laringe, veremos que a modificação da posição conta com a participação dos músculos constritores inferior e médio da faringe. Esses músculos têm origem nas cartilagens cricóidea e tireóidea e correm superiormente e anteriormente, até se inserirem proximamente à linha média da parede posterior da faringe; a sua contração contribui para a elevação da laringe. Assim, tanto a posição vertical da laringe como o comprimento da faringe parecem ser decisivos na determinação das diferenças entre formantes em homens e em mulheres.” ²

A laringe deve ficar baixa pois precisamos alongar o trato vocal e com esse alongamento, em conjunto com as outras estruturas da posição, produzir os harmônicos e os formantes desejados para uma voz equilibrada e timbrada.

Emissione timbrata

Elementi constitutivi

Posizione bassa ma non rigida della laringe; tonicità della maschera e sopratutto delle labbra, che possono essere arrotondate per dare incisività e mordente alla voce, senso di concentrazione delle risonanze, di proiezione del suono, di voce “fuori”.” ³

Compreensão Emocional

É muito importante ter claro, ao estudar o posicionamento da laringe, a sua função principal (proteger os pulmões) pois como órgão protetor ela possui reflexos protetores, e eles podem (mas não devem) se manifestar durante o canto atrapalhando fortemente a fonação.

“Alimentos nunca são bem-vindos na laringe e nos pulmões, pois podem causar inflamações pulmonares; assim, sempre que engolimos, a passagem entre a faringe e a laringe se fecha. Na manobra de fechamento da laringe, a epiglote desempenha um papel muito importante: ela se desloca para trás e para baixo, e se posiciona de maneira a funcionar como uma tampa sobre a laringe.” ²

Isso significa que, durante o estudo do canto, um estudante se deparará com uma laringe cheia de vontades e que se elevará e se contraíra por conta própria, pois em diversas situações o corpo acaba entrando em modo “proteção” e quando isso ocorre a laringe prontamente resolve fechar a via respiratória (se elevando e contraindo). É necessária paciência para treiná-la pois, além de ter que saber onde ela deve ser posicionada, o cantor também terá que impedir que ela se mova sem que isso seja requisitado.

Nunca imite um movimento de outro cantor, cada instrumento é diferente

e pode ter diversas alterações devido a conformações musculares próprias. 

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¹ “Em suma, o complexo da laringe está ligado por meio de uma membrana ao osso hioide, que por sua vez está unido à face interna da mandíbula, à base do crânio e à base da língua. É um órgão móvel (pode subir e descer) e participa passivamente em todos os movimentos da cabeça e da coluna cervical. Na voz cantada a posição correta da laringe é a baixa.” (Tradução livre) – JUVARRA, ANTONIO- Il canto e le sue tecniche. Trattato – Itália: Ricordi, 1987
²  SUNDBERG, JOHAN. Ciência da Voz – Fatos sobre a voz na fala e no canto. – Tradução e revisão: Gláucia Laís Salomão – São Paulo: EDUSP , 2015.
³ “Emissão timbrada Elementos constitutivos Posição baixa da laringe, mas não rígida; tonicidade da máscara e, especialmente, dos lábios, os quais podem ser arredondados para dar incisão e brilho à voz, o sentido da concentração das ressonâncias, a projeção do som, a voz “para fora”.” (Tradução livre) – JUVARRA, ANTONIO- Il canto e le sue tecniche. Trattato – Itália: Ricordi, 1987

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