Quem faz aulas comigo já ouviu essa frase muitas vezes e hoje vou explicar o que ela significa. 😉
Para entender o post de hoje é necessário já ter lido todos os posts sobre respiração, leia aqui.
Uma das coisas mais difíceis no controle das técnicas de respiração é definir o momento em que e a velocidade com a qual os movimentos devem ser feitos, com relação ao que se está cantando.
No estudo da técnica pura com vocalises essa dificuldade se manifesta bem menos e, com um bom treino, pode ser facilmente superada. Em se tratando de uma música, porém, a tendência de todo mundo é encaixar cada vez mais esses movimentos no ritmo da peça (é isso que eu chamo de “dancinha”) e esse é exatamente o problema, eles NÃO devem ser encaixados no ritmo, devem ser feitos no momento necessário para que o movimento seja eficiente, ou seja, em um ritmo próprio.
Vou exemplificar dois movimentos específicos, um hoje e um no próximo post, (os dois que possuem mais tendência a virar dancinha) para que fique mais fácil entender sobre o que estou falando.
Velocidade do Movimento de Sustentação
Para cada frase musical é necessário um movimento completo de sustentação. Vamos rever como eu o descrevi no post onde expliquei esse movimento:
“O movimento da sustentação inclui as costelas sempre abertas ao menos na sua “potência” mínima e a movimentação tônica dos músculos oblíquos, transversais e retos da posição totalmente relaxada, usada na inspiração passiva, até a sua contração máxima com o abdominal totalmente recolhido para dentro e para cima. Importante ressaltar que a sustentação é feita de um movimento contínuo e constante desses músculos abdominais.”
Resumindo: para cada frase musical os músculos abdominais devem sair da posição totalmente relaxada para a posição totalmente recolhida para dentro e para cima de forma contínua. Como cada frase musical possui um tamanho específico será necessário ajustar a velocidade para que seja possível fazer um movimento completo de forma contínua.
Fazer isso parece fácil mas não é, além da tendência humana de que querer fazer todos os movimentos no ritmo da música, também há a dificuldade em ajustar a velocidade do movimento para cada frase, sem a influência ou contaminação da frase anterior.
E como solucionar esse problema? Treinar, treinar e treinar…. é uma coordenação avançada e seu domínio requer muito treino. Vou sugerir um exercício que uso muito e que funciona para ajudar nessa conquista.
O exercício da passadeira
Escolha uma passadeira (aqueles tapetes longos que costumam ser colocados em corredores – se você não tiver um, escolha um espaço de uns 2 metros pelo menos e determine onde será o começo e o fim) e caminhe algumas vezes de seu começo ao final. Ao chegar no fim, vire e volte. Faça isso em várias velocidades.
Depois comece a estudar a música percorrendo uma passadeira completa para cada frase, lembrando-se de que o andar deve ser contínuo e de que não se pode parar nem chegar no fim da passadeira antes de acabar a frase, muito menos mudar a velocidade no meio. Será necessário repetir o exercício várias vezes, mas ele vai te ajudar a visualizar a mudança de velocidade necessária para cada frase.
(Quando você vê seu ônibus chegando e ainda não está no ponto, instantaneamente calcula qual a velocidade de corrida necessária para chegar a tempo e conseguir pegá-lo. É essa capacidade que estamos tentando requisitar nesse exercício, a capacidade de calcular a velocidade necessária para se percorrer um determinado espaço.)
Nunca imite um movimento de outro cantor, cada instrumento é diferente
e pode ter diversas alterações devido a conformações musculares próprias.
Para ter aulas de canto com Tati Helene entre em contato aqui.
2 thoughts on “Não é dancinha!”