Como o próprio título do post diz, hoje falarei sobre a segunda fase do estudo da posição, portanto é necessário ter lido o post onde falo sobre a primeira fase antes.

Recordando rapidamente o que já vimos anteriormente: a Posição é uma parte da técnica em que se posicionam diversas estruturas do aparelho fonador de uma forma específica para conseguir o resultado sonoro desejado e as principais estruturas que devem ser posicionadas são:

Dividi o estudo da posição então em duas fases, a primeira, onde se trabalha o posicionamento das 4 primeiras estruturas da lista pois elas são extremamente relacionadas entre si e principalmente pelo correto posicionamento de uma ajudar no da outra.  E a segunda onde acrescentamos a última estrutura: a laringe.

Posicionamentos antagônicos

Nesta segunda fase é a hora de ganhar um importante espaço no interior do seu aparelho fonador, e esse espaço ocorrerá pelo posicionamento da nossa última estrutura, a laringe, no sentido oposto das outras da primeira fase.

É muito importante entender essa antagonia para não entrar em pânico ao começar a treinar essa segunda fase, afinal ela irá dificultar que as estruturas da primeira fase fiquem na posição correta e é comum aparecer a sensação de que tudo aquilo que já estava dominado tenha simplesmente desaparecido e que nada mais está funcionando. CALMA!

Primeiro vamos entender o porquê dessa antagonia:

  • Pregas Vocais x Laringe: Sabemos que as pregas vocais se encontram horizontais no interior da laringe e que em uma posição correta elas estão unidas (leia mais sobre isso aqui). Quando abaixamos e relaxamos a laringe ela se alarga (leia mais sobre isso aqui) e portanto aumenta a distância entre uma prega e a outra, dificultando sua união. Para mantê-las unidas com a laringe abaixada e expandida será necessário maior força muscular (principalmente dos aritenoides) para sua correta execução, portanto, além do treino de coordenação que deve ser feito para que esses dois movimentos antagônicos aconteçam, preparem-se para uma nova fase de fortalecimento dessa musculatura também.
  • Zigomáticos e Palato x Laringe: Todo mundo já deve ter brincado daquele desafio onde deve-se bater com uma das mãos no topo da cabeça e com a outra fazer um movimento circular na barriga. A tendência ao fazer essa brincadeira pela primeira vez é de que as mãos acabem fazendo o mesmo movimento: ambas batendo ou ambas fazendo círculos. Essa experiência nos mostra que o corpo tem a tendência de sincronizar estruturas próximas ou similares. Pensando nisso, fica fácil entender que, ao elevar seus zigomáticos e seu palato, a laringe queira fazer o mesmo movimento e se elevar também. Para conseguir deixar cada estrutura com um movimento independente é necessário muito treino de coordenação motora, exatamente como para conseguir sem dificuldade bater na cabeça e fazer um círculo na barriga ao mesmo tempo; é necessário também um bom treino de isolamento muscular pois, em função da proximidade das estruturas, é comum tensionarmos desnecessariamente certos músculos de uma estrutura, que acabarão por interferir na outra (por exemplo, ao elevar os zigomáticos, tendemos a contrair os músculos do pescoço dificultando o relaxamento da laringe).
  • Língua x Laringe: Na deglutição ocorrem diversos movimentos simultâneos para que o alimento seja encaminhado para o esôfago. Dois deles devem ser observados: a formação de uma arco elevado do corpo da língua e sua anteriorização (a língua vai para frente dando espaço para que o alimento se dirija ao esôfago)  e o levantamento da laringe em direção a epiglote para fechar a comunicação com os pulmões, impedindo assim a entrada de alimento nestes órgãos.  Em um dos movimentos que mais se executa ao longo de um dia, portanto, o levantamento da laringe está relacionado à anteriorização da língua, o que faz com que essas estruturas queiram sempre trabalhar dessa forma. Ao posicionar a língua de forma anterior (com a ponta apoiada atrás dos incisivos) a laringe, então, tende a subir; ao abaixar a laringe a língua tende a ir para trás e para baixo. Algumas pessoas chegam até a empurrar a laringe para baixo com uma posição extremamente posteriorizada (para trás) da língua. Quando isso acontece costuma-se ter o som considerado engolado.

Tendo claro quais serão as dificuldades que serão encontradas e por que, é hora de começar a treinar essa difícil coordenação, tendo sempre em mente que a fase um da posição não deve ser perdida para dar lugar ao posicionamento da laringe. Pense que esse treino tem como objetivo que o quinto elemento da posição seja SOMADO aos outros e não aconteça EM VEZ DOS OUTROS. Para isso eu recomento o exercício do quinto elemento.

Nunca imite um movimento de outro cantor, cada instrumento é diferente

e pode ter diversas alterações devido a conformações musculares próprias. 

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