A pedido do querido I. Marinho, hoje falarei sobre o efeito do álcool no canto. A questão refere-se aos benefícios (se existem) do consumo do álcool para o canto e, claro, os prejuízos.
A primeira coisa sobre a qual devemos ter clareza são os efeitos do álcool sobre o organismo humano. O álcool é um agente químico estranho ao corpo (assim como qualquer remédio e todos os outros tipos de drogas) e, em função disso sua ingestão causa diversas alterações no nosso metabolismo. Dependendo da quantidade ingerida, as alterações podem ser mais suaves ou mais intensas, chegando a ser drásticas, lembrando sempre que cada organismo é único e pode ter uma reação específica. Cada um de nós deve entender exatamente como o seu corpo reage (não se esqueça de que cada bebida tem um efeito no organismo, que deve ser levado em conta paralelamente ao cálculo da ingestão alcoólica).
Farei agora de uma análise fisiológica do efeito do álcool no corpo do ponto de vista de um cantor, mas gostaria de deixar claro que o consumo excessivo e/ou prolongado, em especial quando há a dependência dele para a realização de qualquer atividade de nossas vidas, é uma doença: o alcoolismo, e que deve ser tratado como tal. Na dúvida procure sempre ajuda profissional para avaliar a sua situação.
Lembram-se da teoria das barrinhas? Ela será essencial para essa análise, pois o álcool agirá nas suas barrinhas física, mental e emocional.
- No que se refere à parte física, o álcool funciona como um relaxante muscular. Quanto maior a sua ingestão maior será a perda da coordenação motora, o que, é péssimo para o canto, pois fará com que seu organismo responda com mais dificuldade;
- No que se refere à parte mental, os primeiros efeitos incluem um relaxamento mental (como se aquela vozinha eterna que fica falando dentro da sua cabeça fosse falando cada vez menos) mas em maior quantidade, o sistema nervoso fica bem comprometido causando além do descontrole físico, descontrole de fala, dificuldade de concentração e de memória;
- No que se refere à parte emocional, em pequenas quantidade o álcool relaxa a tensão, acalmando situações de nervosismo. Em grandes quantidades perde-se a capacidade de distinção entre o real e o irreal podendo ocorrer sensações de depressão ou euforia (quem não lembra do amigo dizendo que ama todo mundo no fim da noite? 😛 );
Sabendo o que o álcool causa em cada uma das barrinhas, podemos avaliar se vale a pena ingerir álcool antes de cantar ou não. Em minha opinião a ingestão de álcool antes do canto é uma decisão muito arriscada, pois a reação do organismo pode ser diferente de um dia para outro e o risco de perder o controle muscular é muito sério nesta atividade. Essa avaliação, no entanto, é realmente pessoal. A autoavaliação é tudo.
A Ergonomia é o estudo científico das relações entre homem e máquina, visando a uma segurança e eficiência ideais no modo como um e outra interagem. O quadro a seguir, referente ao consumo alcoólico e o trabalho é totalmente válido para o canto também:
Finalizando, vou abordar um outro ponto, que é o consumo de álcool quando não se está cantando. Em excesso, obviamente seu consumo será sempre nocivo para o organismo mas, em quantidades pequenas, os efeitos de relaxamento muscular, emocional e mental numa situação pós-performance, por exemplo, pode subir todas as suas barrinhas de forma bem positiva. Claro, que aqui, também vale a auto avaliação para medir os benefícios específicos para o seu organismo. Uma atenção especial, se houver qualquer quantidade de ingestão alcoólica, é beber sempre muita água junto para não causar desidratação. Lembrem-se que todo o aparelho fonador é envolvido em mucosas que são as primeiras a desidratarem.
Em resumo, beba com moderação e faça sempre o seu cálculo! 😉
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