O controle da voz, a liberdade de usá-la livremente para realizar interpretações artísticas foi algo que me levou 10 anos de estudo do canto lírico. Hoje posso dizer que estou satisfeita. Mas o caminho até aqui foi difícil, árduo e longo.
Com exceção da minha bisavó – que nem cheguei a conhecer – que foi cantora de ópera mas que abandonou a carreira para se casar, em tempos mais machistas que os de hoje, minha família não é de músicos. Posso dizer, no entanto, que é uma família de pesquisadores. Cada um na sua área, seja em exatas, humanas ou biológicas, mas sempre movidos por esta procura. Desde pequena aprendi que o conhecimento deve ser uma busca eterna, seja no trabalho ou lazer; e que, depois de adquirido, um dos maiores prazeres é poder dividi-lo com os outros.
Essa mentalidade analítica encontrou diversas dificuldades no começo do meu estudo do canto: a falta de material, estudos científicos e pesquisas nessa área, além de uma variedade de opções técnicas para se seguir, com o agravante de que cada uma se proclamava correta em detrimento das outras. Era muito chocante – e ainda é – para mim que uma arte totalmente corporal não fosse estudada usando a Anatomia como base. Uma vez que o instrumento do cantor é o próprio corpo, meu pensamento analítico queria saber onde exatamente ficava o “buraquinho” onde eu deveria “colocar” a voz.
Hoje, com a técnica conquistada e vários anos dando aulas de canto, resolvi começar a escrever. Não só porque todos os meus alunos e muitos amigos pedem, mas principalmente para tentar suprir a falta de uma sistematização mais racional do estudo do canto, e ao mesmo tempo dividir esse resultado com um número maior de pessoas.
Ao longo dos meus estudos tive a oportunidade de estudar com excelentes professores, tanto de forma prolongada quanto durante algumas semanas em masterclasses. Com cada um deles aprendi uma parte do que hoje eu considero a minha técnica de canto e que tentarei explicar nos próximos posts. Nomeio aqui alguns, que ao lerem o conteúdo deste Blog reconhecerão suas próprias palavras em muitos momentos. Outros orientadores também foram de grande valia mas estes foram realmente os principais: Maria Thereza Souza Lima, Heloísa Petri, Carmo Barbosa, António Garófalo, Luisa Giannini, Edda Moser, Verena Keller e Emílio Pons.
Quem conhece os nomes que citei pode notar que suas abordagens pedagógicas são bem diferentes: alguns abordam a técnica vocal por imagens, outros por tentativa e erro e outros por fisiologia. Entretanto, o importante é o que se aprende com cada um e neste Blog abordarei todos os pontos da técnica vocal utilizando minha pedagogia que, como citei acima, é um produto de tudo que aprendi, com um enfoque mais racional.
Espero que gostem e que utilizem esses conceitos para seus estudos de canto também! Todo sábado postarei um texto novo, caso tenha algum tema que gostaria que abordasse deixe aqui sua sugestão. E por último, não deixem de visitar meu site para saber sobre meus futuros compromissos, aulas ou masterclasses.
Para ter aulas de canto com Tati Helene entre em contato aqui.
Tenho lido suas publicações e tenho achado muitas ótimas, e quando não são ótimas são boas.
Creio que um conjunto significativo das publicações poderão se transformar em um livro, que poderá se aproveitar das novas formas de publicação e distribuição, assuntos que acho que, no sentido da futura publicação, você poderia começar a pesquisar desde já (como se você já não tivesse com o que gastar seu tempo…)